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A mostrar mensagens de 2001
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Olá!! Depois de um mês de ausência (por motivo de doença), eis-me de volta ao meu adorado blog e à vossa querida leitura. Desejo que tenham passado um Excelente Natal e aproveito para desejar a todos um Ano de 2002 repleto de saúde, alegrias e muuuuuuuuuuuuuitas felicidades . Patrocínio: Sub-Rosa PS: Mudei o sistema de comentários - entretanto, perdi todos os anteriores :-((( -, pelo que já podem dizer bem (ou mal) dos meus esquissos!
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Dia Mundial de Combate Contra a SIDA
Abandono Tenho lágrimas nos ossos e chuva no rosto. Secam-se-me as vestes no frio do corpo. Inerte. Torpe. A mente atrofiada fala-me de futuros de loucura onde a impressão da dor imprime sulcos de cor na noite sórdida da vida. Caem-me os dentes. Partem-se-me as pernas. Tombam os sonhos que nem quimeras amarfanhadas em moinhos de ventos... nucleares. Sou menos que um átomo na poeira cósmica, menos que a pulga em pêlo fofo, menos que a gota em poça suja. Menos que ele, menos que o outro e aqueloutro e mais alguns. Sou a imagem do meu farrapo - que o meu farrapo já se puiu. Sou o murmúrio do meu silêncio - que o meu silêncio se prostituiu. Eu sou aquele e sou o outro e muitos outros e mais alguns. Sou o queiras ou que não queiras, sou o que seja o teu clamor. Sou um Van Gogh, un Einstein, Sou um Tchaikovsky, um Eisenstein. Eu sou aquele e sou o outro em todos eles eu me reencontro. E em mim me perco - por mim me perco e fico ma
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1 0 0 0 O Esquissos ultrapassou ontem, dia 19 de Novembro, as 1000 visitas (eu não conto, garanto!) desde que instalei o contador, no passado dia 23 de Agosto. A todos os leitores que têm contribuído para este simbólico número, o meu Muito Obrigada . * Copyleft da imagem: Afrodite sem Olimpo
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A minha outra paixão: G - A - T - O - S !!! Entrei na "onda" dos "Patrocínios"! É que eu, que tenho uma verdadeira idolatria por gatos, encontrei este! Lindo, delicioso, imponente e único!!! A Meg que me perdoe, mas resolvi "adoptá-lo" - com o patrocínio do Sub Rosa . Como li algures: Todo o dono de gato sabe que os gatos não têm dono... É por isso que gosto deles! ;-)
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Hoje deixo aqui um poema de uma das minhas poetisas preferidas: Florbela Espanca. A mulher que Vila Viçosa viu nascer e que todos nós ouvimos ser cantada pela voz dos Trovante . Ser Poeta (Perdidamente) Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhas de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dize-lo cantando a toda a gente! Florbela Espanca Se desejar saber mais sobre Florbela Espanca, consulte a biografia publicada por Vidas Lusófonas - a quem agradeço o copyleft da imagem.
O cão preto da Praça José Fontana Gosto do jardim da Praça José Fontana. É pequeno, acolhedor e híbrido... sui generis nas gentes estranhas, diferentes, bizarras e heterogéneas que diariamente o povoam. Por vezes, pela manhã, o sol irriga de vida os canteiros molhados ainda do orvalho nocturno. Os pombos passeiam-se junto ao bebedouro público, ou então debicam os vermes à superfície da terra recém-arada pelos jardineiros camarários. Nos vários bancos daquele pequeno jardim há um melting pot à dimensão alfacinha. Mendigos e sem-abrigo contam estórias da vida uns aos outros, sonhando, quiçá, com uma outra vida que não conseguem ter. À hora do almoço, naqueles mesmos bancos, encontramos yuppies nos seus fatos Armani, indiferentes a quem, no banco ao lado, pouco tem para vestir. Sob outra árvore, sobre outro banco, escriturárias pirosas comem umas sandes, depois de terem gasto o dinheiro ali, na Zara, em roupas sempre iguais que fazem questão de mostrar às amigas. H
À descoberta de Cecília Meireles II Sub rosa , o blog da Meg, está repleto de informações sobre a poetisa. Biografia, bibliografia, poemas e homenagens. Um pouco de tudo para descobrir, ou conhecer melhor, esta poetisa que foi casada com um português e cujo mérito foi reconhecido aqui, em Portugal, pelo saudoso Vitorino Nemésio, se bem me lembro... A visitar mesmo: Sub rosa !

À descoberta de Cecília Meireles

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O mercado são conversações, diz o meu ciber-amigo Hernani a toda a hora. E conversar é comunicar, é trocar experiências, é ensinar, é aprender, é partilhar. Daqui - de Portugal - para lá - no Brasil -, tenho tentado partilhar a minha cidade e a nossa literatura. Levar um pouco dos escritores portugueses até terras de Vera Cruz. De lá para cá, muitos ciber-amigos me apresentaram nomes - vários, bons - que eu não conhecia. Entre eles está Cecília Meireles, a poetisa cujo centenário hoje se comemora. Apelando à minha *sensibilidade* (!!) – " pela beleza que tenho lido no seu [blog], adivinho-a sensível: então, estou pedindo a todos os *bloggers* que no dia 6 para 7 de novembro coloquem um post em homenagem à maravilhosa poetisa brasileira CECÍLIA MEIRELES cujo centenário comemoramos " -, Meg Guimaraes ( Sub Rosa ) desafiou-me a participar desta homenagem. Para quem não conhece (como um dia eu também não conhecia), aqui fica um poema de Cecília Meireles - " voz única na poe

Sobre as avós...

A Ana acabou de fazer um comentário à homenagem Sem título - só com dor que, no Dia de Finados, prestei à minha Avó: "Avós deveriam ficar junto aos netos para sempre. Nunca ninguém é crescido o bastante pra ficar sem avós. Eu não sou." A frase é da Anna Barbara . Obrigada às duas. Subscrevo também.

Cântico Negro

Se eu tivesse de eleger um poema como sendo "O poema", seria este aqui. Cântico Negro "Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces, Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom se eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui"! Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre a minha mãe. Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde, Por que me repetis: "vem por aqui"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis machados, ferra

Sexta-feira ao entardecer

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Vi o sol pôr-se sobre o Tejo, enquanto os edifícios de Lisboa se iam recortando no cinzento em que o azul do céu se transformava. Na Ribeira, o anil celeste iluminou-me o olhar, repleto, já de si, de esperanças no futuro. Deixei-me impregnar pelo cheiro de maresia e pelos odores que se desprendiam das lojas de bairro que ainda povoam a zona ribeirinha da minha cidade. E, de repente, já nada era igual àquela calma de há minutos. Subir a Avenida da Liberdade em hora de ponta, numa sexta-feira outonal acariciada por um sol dourado, é entrar num inferno de ruído, raiva e multidão. Os condutores atropelam direitos cívicos, os carros buzinam palavrões, os semáforos, aparentemente sempre vermelhos, suscitam ódios viscerais. Como formigas que perderam a sua rainha, os peões movimentam-se em carreiros em percursos de vida que parecem ter perdido o nexo. E continuo a subir aquela artéria principal, com o Tejo, por trás, a acariciar-me as memórias de dois dias de aprendizagem intensa. Depois do M

Sem título – só com dor

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Hoje, 2 de Novembro, é Dia de Finados, dia de ir aos cemitérios e de colocar flores nas campas. Não é meu hábito prestar esse tipo de homenagem. Por isso, para ti, Avó, aqui fica a minha singela homenagem. Sem título – só com dor Cascais ficara para trás. O percurso sinuoso do comboio, acariciando a Costa do Estoril, beijando as suas praias, permitia observar aquela baia azul povoada de iates e banhada de sol. Em breve é Lisboa que se avizinha, o Tejo de águas sujas que não consigo deixar de amar. Embalada pelo sincopado movimento daquele cavalo de ferro, fecho os olhos lentamente. É então que o telemóvel toca. Estas maravilhas da tecnologia que nos fazem estar contactáveis nos lugares mais inóspitos e nos momentos mais inoportunos. Porque nenhum momento é oportuno para a morte. Muito menos para a tua, Avó. Eu sei que ninguém é eterno. Sabia-te doente. Sabia que já aguentaras mais do que um dia supus que aguentasses... Mesmo assim não foi oportuno. Não foi justo. Não tinhas o direito

Parabéns, Pai!

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Ao contrário da minha ciberamiga de além-Atlântico, Ana Maria Gonçalves , eu não mantenho um Álbum de Família no meu blog. Mas isso não significa que eu não ame a minha família. Porque a amo muito. Muito mesmo! O meu Pai e o meu tio fazem hoje 60 anos. Para os gémeos, aqui fica o meu voto de Parabéns e de que esta nova etapa da vida vos corra ainda melhor e vos faça sorrir muito. Adoro-vos!

Espasmos

De novo no bau das memórias... Espasmos Sinto ainda no meu âmago espasmos teus e espasmos meus. Os meus lábios beijam o vazio em busca do beijo teu e as minhas mãos acariciam o ar como se das tuas doces mãos se tratasse. (c) Dulce Dias – 1999-05-06

Links e novidades

Para quem já começa a ficar perdido nos vários links devidamente seleccionados que faço questão de acrescentar a este blog, partilhando-os com os meus leitores, optei por colocar a palavra NOVO antes de cada um dos novos links. Aí se manterá durante dois ou três dias, alertando, assim, para as novidades. Para além disso, hoje fica aqui a nota dos que agora foram acrescentados. Para quem (ainda) não sabe, eu sou uma mulher de paixões, melhor dizendo, de amores. Paixões e amores por coisas tão platónicas como uma esquina, um livro ou um autor. Uma das minhas grandes paixões são os aviões. Civis. (Que eu odeio tudo o que é militar!) E, da mesma forma, adoro os escritores que foram, também, aviadores. Richard Bach e Antoine de Saint-Exupery estão, assim, no topo das minhas preferências. Pois, para quem não conheça (eu não conhecia) aqui está o link da Fundação Saint-Exupery : www.saint-exupery.org . Na área da criação artística, destaque para o site (de nome muito complicado!) Y0UNG-HAE C

Pequeno-almoço no Martinho da Arcada

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Terça-feira tomei o pequeno-almoço no Martinho da Arcada. O sol beijava o Tejo e dava mais cor ao amarelo dos Ministérios. Gente apressada passava sem ver Botero e as suas esculturas. Embebedei-me de Lisboa e de vida. Senti o sangue percorrer cada milímetro das minhas veias. Senti a alma expandir-se-me no corpo e renasci das minhas próprias cinzas. Veio-me de novo a vontade de viver e de lutar, de escrever e de triunfar. E de ser livre! Senti, uma vez mais, a dicotomia amor-liberdade e a incapacidade de equilibrar tais elementos. Estarei eternamente condenada à solidão criadora? Ou ao amor repetitivo? Quero criar! Mas quero amar também... A criação exige tempo. O amor exige ainda mais. Sem saber ainda a resposta, no sol que aquecia as arcadas do Martinho senti, contudo, a coragem de ser livre. De ser criadora. (c) Dulce Dias – 1998-04-09

A vertigem voraz da vida

Avisaste-me de antemão que não sofresse. Desculpa-me se não soube seguir o teu conselho. Eu vivo a vida assim: intensamente. Expludo-me em miríades de luz e, depois, dilacero-me em pedaços de trevas lançados de mim. É a única forma que conheço de viver. Não sei evitar o sofrimento nem a dor. São sempre o colmatar do meu prazer. Mas, Deus!, não me impeçam de sentir o sabor, todo o sabor da Vida. Porque a Vida é um vendaval vadio. E eu vou no Tornado, no Furacão. Não me ponham travões nem me peçam para reduzir a velocidade. Não me impeçam de sentir a vertigem voraz de viver a Vida intensamente. (c) Dulce Dias - 1999-05-10

Pai é pai

Pai é pai Pai é pai, e é tem um papel a cumprir. Assim, tal como o Paulo Bicarato tem no Alfarrábio , eu também instalei o Reblogger . Quer isto dizer que agora, quem quiser comentar qualquer pu blog ação minha só tem de clicar em Comentário , no rodapé de cada mensagem. Os interessados em instalar podem clicar no logotipo aqui ao lado. Obrigada "Pai", por ajudares a tomar conta do nosso *filhote*.

Esta Cascais de que teimosamente não quero gostar

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... Este sol, contudo, não é absorvido pela vila com a mesma luminosidade doce e encantada de Lisboa. Aqui, nesta vila pela qual nutro um sentimento de amor-ódio, o sol matinal ilumina as casas cascaenses de uma luz que agride. O azul do céu é, também ele, diferente daquele de Lisboa. Nesta Cascais de que teimosamente não quero gostar – mas sobre quem leio tudo o que me oferecem -, não fossem os passeios aos correios para levantar encomendas e passaria por ela sem sequer dignar-me olhá-la. E hoje, em mais um desses passeios obrigatórios até aos Correios perto do Hospital – este último ainda nem descobri onde é! -, lembrei-me de que, provavelmente, do que não gosto, não é da vila, sim das pessoas: snobs, vaidosas e provincianas na sua Cascais-umbigo-do-mundo. Gente que não veste se a marca não tiver sotaque francês ou italiano. Gente que se fecha na sua pretensa qualidade-de-vida-que-só-existe-fora-de-Lisboa. E que não vê que a baixa cascaense vive de domingo a domingo atulhada de carro

Um dia a casa vem abaixo

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Folgo em saber que começa a haver alguma sensibilidade para o problema das casas abandonadas e do êxodo de Lisboa. A semana passada, a Lisboa Abandonada foi entrevistada. Hoje, a reportagem saíu no semanário Euronotícias . Com chamada de capa e duas páginas inteiras dedicadas ao tema. :))) A jovem jornalista, Carla Pereira , fez um excelente trabalho e está de parabéns. Vale a pena ler o artigo para perceber a dimensão do problema!

Carta nunca enviada à minha Avó

Para ti, Avó, onde quer que estejas, quando mais um ano passa sobre o dia em que te despediste de nós. Carta nunca enviada à minha Avó 96.03.31 Querida Avó! No regresso a Lisboa nesta noite lacrimejante perscrutei a escuridão como quem tenta decifrar o Desconhecido. E vinha-me à memória uma frase familiar: "Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida". No ambiente falsamente alegre há um segredo do Polichinelo guardado na sala do Barba Azul. Todos sabemos que estás sentada à espera da Morte, mas nunca se fala em tal. Só tu o referiste – muito brevemente, é certo. Diz-me, responde-me: como é a sensação de saber que nada mais resta senão a espera? Sabes que vai ser, só não sabes quando. O que sentes? Em que pensas nessas longas 24 horas diárias (poucas dedicadas ao sono) de quase total vigília? Como sentes tu o penso da Morte? Ou… a sua leveza? Preferes o silêncio, o ignorar, o tentar esquecer, ou queres falar no assunto? O que mais me magoa talvez nem seja sequer saber que vais

Ocupada..

Aos meus leitores, devo um pedido de desculpas! Há cerca de uma semana que não pu blog o nada no Esquissos! Não é por mal, nem por desinteresse e muito menos por falta de respeito para com quem me lê! É mesmo por falta de tempo... :-( A monografia que estou a escrever sobre a freguesia lisboeta de São Francisco Xavier está quase terminada mas, como se costuma dizer, "o rabo é o mais difícil de esfolar", pelo que tenho tido imenso trabalho, algum ainda de pesquisa e muito de escrita... Além disso, Agosto é tempo de férias - para alguns, pelo menos!! - pelo que no Emarketeer.net tenho tido trabalho a dobrar... De qualquer forma - e isto é uma promessa! -, a partir do início de Setembro (altura em que entrego a totalidade do original sobre São Francisco Xavier), vou escrever regularmente os meus Esquissos. Alguns deles, como já vem sendo hábito, serão repescados na gaveta dos rascunhos. Outros, sairão no momento, produto da constatação do mundo que me rodeia. Só mais umas linha

A vida não é mais que uma barcaça

Apetece-me fugir não sei do quê Apetece-me gritar, ir mais além É uma dor que queima porém A veleidade de perguntar "porquê?" Porquê eu? Porquê a dor e não a morte? Que mal fiz eu, Senhor, ao Karma meu? Queria apenas deitar-me com Morfeu, Dormir, dormir, esquecer esta má sorte. Esquecer sonhos perdidos, o passado Apagar memórias sem um só lamento Construir tudo novo no momento! Mas o desejo foi silenciado: A vida não é mais que uma barcaça Com que Lethes nos persegue e nos caça. (c) Dulce Dias – 1998-07-10

Bem-vindo de novo, Sete Colinas

Estou feliz. Estou muito feliz! Quando comecei a inserir, neste blog, os links de mais gosto, não consegui aceder a um site fantástico, sobre Lisboa, chamado Sete Colinas . Mas, hoje, em busca de livrarias e outros links interessantes, encontrei o Sete Colinas novamente a funcionar. Não sei o que se passou antes, se foi apenas um servidor que caiu, ou se foi algo mais grave... Seja como for, é com muito agrado que vejo o site novamente online Sete Colinas, sê bem-vindo!

Geografia a quatro mãos

Minhas mãos conhecem teu corpo de cor E o meu corpo abandona-se, lânguido, a essas tuas mãos A cada curva, minhas mãos deslizam seguindo a geografia do teu corpo Qual rio serpenteante entre colinas, deslizo na praia da tua pele O rio que, sedento, ansioso corre para se regozijar no mar Mas a barragem da ternura refreia-lhe a anseia da foz Barragem que, no entanto, não impede o rio de encontrar sua terceira margem... Margem feita leito, suave como porcelana e quente como lava impetuosa e húmida Lava ardente a que me rendo, e que me imortaliza qual Pompéia num instante de paixão E descansa, a lava, tranquila como as cinzas de Roma incendiada Tranquila, pois a lava sabe que me lava a alma... E a minha alma sente-se beijada no mais profundo do meu É Enquanto o vulcão adormece novamente no colo do monte de Vênus, após a explosão do êxtase O rio recolhe-se aos poucos no conforto das margens carinhosas depois de ter fertilizado o seu delta e, sábio, acaricia a mata pensando em como é ser igua

Um poema de João Guimarães Rosa

Eu queria dormir longamente... (um sono só...) Para esperar assim o divino momento que eu pressinto em que hás de ser minha. Mas... e se essa hora não devesse chegar nunca?... Se o tempo, como as cousas outras todas, te separa de mim? Então... ah!, então eu gostaria que o meu sono, friíssimo e sem sonhos (um sono só...) não tivesse mais fim...

Um poema de Paulo Bicarato

Quero apenas Minha Sherazade Só mil e uma noites E a esperança De uma noite a mais... Obrigada, Bica. (Ele sabe que eu adoro a escrita dele! ;-))

Links e outras informações

Links e outras informações Nem todos os dias tenho blogado o suficiente, em termos de prosas. No entanto, para os mais desatentos, chamo a atenção para a coluna da esquerda, a qual tenho, aos poucos, tentado enriquecer com links relacionados com os temas que este blog trata, e outros que me interessam. Assim, os leitores têm à disposição um pequeno acervo de links sobre Lisboa , Literatura Portuguesa , Música Portuguesa e Outros Temas Culturais . Para além disso, têm ainda uma secção de Blogs e Sites Pessoais que recomendo , bem como Outros sites recomendados . Haveria muitos outros sites que poderiam integrar esta lista, mas tentando mantê-la dentro dos temas atrás referidos, para já, não conto alargá-la a sites ou blogs que tratem outros assuntos. Por (de)formação profissional, acrecentei alguns sites que, saíndo da temática Lisboa/Literatura/Cultura, não posso deixar de referir. O Emarketeer.net , onde exerço funções de directora de conteúdo; a Janela na Web , com a qual mantenho

Incómodos

Há, em Lisboa, coisas que me incomodam. Coisas que não compreendo porque são assim, e porque não podem ser de outra maneira. Incomodam-me os aparelhos de ar condicionado que despejam sobre quem incautamente passa as suas grossas e desagradáveis gotas de água. Também me incomoda a canalização rota que verte nas velas calçadas portuguesas o precioso líquido, deixando um verde rasto de limos no leito que entretanto, teimoso, cava. Incomoda-me o facto de não perceber a política camarária de limpeza das ruas da cidade. Porque é que há ruas que são lavadas semanalmente e outras que têm direito apenas a uma visita anual da água? Já agora, incomoda-me que as pessoas de uns bairros sejam menos zelosas do seu bairro do que outras, contribuindo para que as ruas estejam sujas, feias e desfiguradas. Ah! Claro - já o disse aqui, mas repito-o -, incomoda-me que haja tanta casa abandonada sem gente em Lisboa. E, já agora, tanta gente abandonada sem casa!

A língua portuguesa

Estive a visitar, como habitualmente, o Gente que Faz , e deparei-me com um excelente post colocado por Miss Mossoró, sob o título Nem só de livros técnicos vive o homem de negócios . Miss Mossoró fala da fraca qualidade da escrita. Fala dos erros de ortografia e mesmo dos de sintaxe. Fala da realidade brasileira actual. Pois é!! Mas podia muito bem estar a falar de Portugal que o panorama seria o mesmo! É certo que a internet tem destas coisas! As pessoas escrevem cada vez pior. A emergência do passar a mensagem leva-nos a escrever cada vez mais rápido, a enviar o e-mail sem o rever, a es k ecer as sílabas complicadas, transformando-as noutras mais simples, a considerar - talvez sem pensar - que o importante da msg é o conteúdo e não a forma! Ora, ao longo de milénios, a forma e o conteúdo andaram de mãos dadas e está convencionado que assim seja! E como a sociedade é feita de convenções, torna-se desastroso alterá-las ad hoc . Recentemente, numa lista de discussão, falava-se sobre

Lisboa em Agosto

É Agosto, mês de férias. Eventualmente, este é um dos melhores meses para se viver em Lisboa. Quem não a ama, consome os dias em infernais filas intermináveis rumo à Costa ou ao Algarve. Quem não a ama, foge daqui a sete pés, em conjunto com todos os outros milhares de pessoas que diariamente para aqui vêm trabalhar, queixando-se do trânsito. Agora, estão todos satisfeitos na mesma fila de trânsito a caminho da mesma praia, onde vão queixar-se todos do mesmo excesso de veraneantes... Eu? Eu fico por Lisboa. Tenho-a toda só para mim! As ruas estão quase desertas, os carros são poucos, os transportes públicos estão libertos e arejados. Lisboa dá-se-me em cada Agosto. Entrega-se-me como uma amante apaixonada e sem peias. E eu retribuo-lhe em dobro o seu amor, com toda a ânsia de quem sabe que o tempo chega ao fim, que Agosto acaba e que os romances de férias têm outras formas de continuação - mas nunca se repetem! Ou talvez só no próximo Agosto!!

Enlaçar-te de carinhos como Amo esta Lisboa

Queria conhecer o teu corpo como conheço esta Lisboa, cada esquina, cada beco, cada rua, cada viela... Queria percorrer-te as linhas, acariciar-te os seios com o deleite de descer Alfama e tocar o Chafariz. Queria descobrir-te os segredos, os gemidos e os ais como desfloro recantos de uma Baixa abandonada. Queria cobrir-te de beijos como abraço a Madragoa e enlaçar-te de carinhos como Amo esta Lisboa. (c) Dulce Dias – 1998-03-20

Calcorrear Lisboa

Enquanto o Sol beija o Tejo desço a Rua do Alecrim aspirando olisipos odores. Para trás fica o Chiado, à espera que "o metro em Pessoa" se abeire da velha Brasileira. Sorvo o ar matinal - invadido de perfumes de mulheres bonitas - e sinto renascer em mim energias redobradas. Uma nova vontade invade-me - com a intensidade das cores dos prédio RECRIAdos que se me imprimem na retina – e impele-me a ir mais alto, mais forte, mais longe. Calcorrear Lisboa é ter coragem de assumir o sonho - todos os sonhos! - é acreditar que tenho direito a tudo, e ter Força para lutar por isso. Calcorrear Lisboa é saber que o mundo é maior que o pensamento, é assumir o NÃO gritado às segundas escolhas, é despir-me de preconceitos e mágoas e vestir-me de luta e de conquista. Como o Martin, eu também tenho um sonho. - E vou lutar por ele! (c) Dulce Dias – 1998-01-19

Do Tejo até Cascais

Há um Tejo a banhar-se nas margens desta Lisboa - e mesmo para lá dela. A trovoada enraiveceu este Tejo manso que se joga sobre a costa como as lavadeiras de antanho batiam as roupas nas pedras da ribeira. Lisboa e o Tejo amam-se. A forma como ele se arremessa sobre ela é a de um amante apaixonado e sequioso de amor e de amplexos de prazer. Em face de mim, um casalinho pouco mais do que adolescente transborda a sua paixão em beijos e pedidos de carinho - logo, logo satisfeitos. O sol invade este velho combóio e uma aura doce liberta-se do jovem casal. O Tejo perdeu o azul da manhã, tornou-se cinzento raiado de espuma branca, e estende se agora ao longo da Marginal, molhada, ela, da chuva de há pouco. Agitadamente, ele, vai murmurando a sua fúria em direcção à barra. O céu quis contrariá-lo. Despiu-se do seu fato cinzento-trovoada e vestiu-se de anil, também ele, no entanto, raiado de branco, do branco das nuvens que passam em fato de passeio. As palmeiras e os abetos que convivem ao lo

Quero colorir esta Lisboa

Esta noite, Lisboa adormeceu chuvosa. Mas quem a ama, sabe gostar dessas suas lágrimas que a lavam e rejuvenescem... Quero colorir esta Lisboa Quero colorir-te, Lisboa. Expressar no papel as impressões dos verdes, dos rosas, dos ocres. E dos azuis também. Quero rasgar-te de Luz beijar-te de Rio e amar-te despida em cada manhã de sábado. Percorro-te as entranhas de escadas e escadinhas muito tímidas. Perscruto-te a alma de cada água-furtada aberta sobre a Vida. As minhas mãos querem acariciar o teu corpo quente. No entanto, estás fria, enrugada, velha e gasta. Caem-te os cabelos, curvam-se-te as costas, choram-se-te as portas enferrujadas. De ti, prostituta de rosto sofrido, queria ser teu cirurgião: fazer-te um lift ou outro que tal, recuperar-te a fronte e elevar-te o sorriso - com franqueza! até uma prostituta deve ser bela! E tu és o fogo que me alimenta a alma. Acalmas-me o espírito em lojinhas de bairro. Desejas-me bons dias em gatos vadios ou lambes-me as lágrimas com teus raios

Adeus a Sapadores

Ainda e sempre no baú inédito dos meus rascunhos! Adeus a Sapadores Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida . E Sapadores tem a mesma magia de sempre. Fui hoje despedir-me daquele 4.º andar do n.º. 7 da Rua Capitão Humberto Ataíde. Não vou negar a pena que senti por deixar aquelas escadas íngremes e velhinhas, por não voltar a ver a nesga de Tejo que me fazia agradecer por acordar viva. O sol lavava o rio em cada parto matinal e, juntamente, as minhas mágoas e dores. É um sol que não voltarei a ver igual, por vezes baço e fazendo um esforço para romper o nevoeiro que resguardava o rio, outras vezes imponente e majestoso, erguendo a sua força sobre um rio que traz à cidade um turbilhão de gentes ensonadas e violentadas no sono da manhã. Como é linda a minha cidade com a cara lavada por uma manhã de sol primaveril! Mas agora tenho à minha frente este mar infindo, e por isso fui dizer o derradeiro até sempre à minha mansarda tão alta que nem em cima de uma cadeira lhe conseguia tro

Prefiro uma nesga de rio a uma imensidão de mar

Sem computador e numa casa desfeita, sinto-me só e sofrida. Deram-me o sol inteiro e um oceano a perder de vista. Em troca, levaram-me a minha nesga de rio e a minha cidade fetiche. O meu ancien quartier foi substituído por um bairro novo-rico e muito kitsch , de casas quadradas como paralelepípedos tombados e de elevadores que impedem as pessoas de comunicar. Tudo o que sempre não quis veio para mim, como castigo. Sofro, é verdade, e ninguém sabe porquê, porque gosto tanto desta cidade de sete colinas íngremes que só sabem amar a quem as ama e as respeita; porque gosto tanto do triângulo de rio que me espreita em cada manhã, e agora cada vez mais intensamente porque ele e eu sabemos que é o adeus. Um adeus aos lamentos futuros com cheiro a saudade das noites de raiva, de prazer, de nostalgia... Ninguém sabe compreender que eu prefira uma nesga de rio a uma imensidão de mar. Mas sou assim. Gosto de águas-furtadas com cheiro a História, de escadas íngremes e protectoras de intrusos, de

O que em mim ficou desarrumado

Olá!! Dois blogs é "trabalho" a dobrar, mas é também prazer a dobrar. Para já, faço convosco, leitores, um pacto: Vou tentar manter independentes os temas tratados num lado e noutro. Evitarei repetir o mesmo assunto, o mesmo tema. Trata-se de dois espaços com espíritos diferentes, que devem ser respeitados. Assim, aqui continuarão os esquissos de prosas e de poesias, a Lisboa e os outros amores. Lá, ficam os debates da Liberdade. Feita a ressalva, aqui deixo o rascunho de hoje. Um leitor-amigo perguntou-me se não escrevo poesia... e acabámos a trocar poemas. Escrevo pouca poesia, é certo. Mas, para testar reacções, hoje tirei este esquisso de soneto do baú e pu blog uei-o! Espero que também gostem! O que em mim ficou desarrumado Arrumei, outrora, um pecado meu como costumo arrumar tudo mais. Pensei, naquela altura, que jamais abriria esse armário cor de breu. Enganei-me. A vida prega, afinal, estas partidas: remexe gavetas, abre memórias, cava valetas. Apunhála-nos de forma b

Livres

Acabei de ser convidada pelo Sérgio Buaiz - que eu "conheço" de outras lides mais marketinguianas - para participar no blog Livres ( www.livres.com.br ). Para mim, é uma imensa honra ombrear com autores como o Sérgio, o Hernani Dimantas e, claro, o "pai" do meu blog, o Paulo Bicarato ! Espero, sinceramente, estar à altura da liberdade, da discussão e da interrogação. Obrigada a todos!

Lisboa (marcha popular)

Lisboa tem tradição de Marchas Populares. Pelo Santo António (13 de Junho) os Bairros populares descem às ruas, desfilando canções e vaidades. Algumas dessas canções passaram a fazer parte do imaginário colectivo lisboeta e quem ama Lisboa, vibra com elas. Deixo aqui umas das marchas mais populares de sempre. Os interessados, podem ouvir o mp3 em http://alfa.ist.utl.pt/~tuist/sons/lisboa.mp3 Lisboa Letra e Musica: Vários; Arranjos: Manuel Correia/Mário Fernandes Lisboa cheira aos cafés do Rossio E o fado cheira sempre a solidão Cheira a castanha assada se está frio Cheira a fruta madura quando é verão. Nos lábios tem o cheiro de um sorriso Manjerico tem o cheiro de cantigas E os rapazes perdem o juizo Quando lhes dá o cheiro a raparigas. Lisboa gaiata, de chinela no pé Lisboa travessa, que linda que ela é, Lisboa ladina, que bailas a cantar, Sereia pequenina que Deus guarda ao pé do mar. Lá vai Lisboa Com a saia côr do mar E todo o bairro é um noivo Que com ela vai casar. Lá vai Lisboa

Ainda a Lisboa Abandonada

Apesar da minha já longa experiência com a capacidade de interacção que a internet provoca, esta não deixa, contudo de surpreender-me. Depois de ter aderido à mailing list da Lisboa Abandonada , preparei-me para ir à descoberta da nossa primeira reunião. Eu sei que podemos fazer daquela ideia o que nós quisermos - está na nossa mão -, mas sinceramente não esperava que tantas pessoas acreditassem no mesmo! Não esperava encontrar cerca de trinta pessoas, reunidas numa sala gentilmente cedida por outra organização, empenhadas em recuperar esta Lisboa que todos nós amamos. De estudantes a executivos, de físicos a psicólogos, passando por arquitectos, construtores civis, jornalistas e outros profissionais da comunicação, havia lá de tudo. Mais de trinta pessoas das mais variadas idades, decididas a fazer o possível para salvar Lisboa do abandono. Gostei. Gostei mesmo de lá estar. E vou gostar mais ainda dos desafios que me esperam enquanto membro activo deste embrião de associação. Quem est

A única nota de beleza é a minha casa

Mais de cinco anos passados sobre o texto que hoje publico, olho para trás, para épocas conturbadas da minha vida, e não posso deixar de interrogar-me se a Dor não será a grande Mãe da Criação... A única nota de beleza é a minha casa Olhando o Tejo através da janela do meu quarto, penso em como ninguém compreende porque teimo em manter esta casa. Magnífica. Linda. E eis-me acorrentada de livre vontade a uma casa que me consome energias, sonhos e salários. Talvez nem eu saiba porque razão gosto tanto dela. É linda. Em cada recanto de princípio de século, em cada coup d'oeil que lanço pelas janelas, em cada tábua de soalho encerado que geme sob os meus passos, adoro esta casa. No branco das paredes inundado pelo brilho de um pôr de sol ou pelo doce calor de uma aurora. São paredes que habitam a minha alegria ou as minhas tristezas, mas são o que me resta do sonho sonhado. São o meu único "Q" que me dá prazer neste mundo que me é cada vez mais hostil. Sonho com a cultura, c

Desci a manhã numa rua orlada de Tejo fugidio

Hoje cá vai mais um esquisso retirado do baú das memórias e do Amor. Espero que continuem a gostar! Desci a manhã numa rua orlada de Tejo fugidio Desci a manhã numa rua orlada de velhos candeeiros de ferro forjado e inclinada de sol e de Tejo fugidio. Ainda sentindo o cheiro da aurora campestre ribatejana, Lisboa pareceu-me, contudo, limpa e perfumada. Falta-lhe o odor das bestas e o cacarejar das galinhas receosas pelos pintainhos saídos do ovo. Mas tem o formigar de gentes que ficou lá atrás, e deixou para mim esta nesga de rio que emoldura a janela do meu quarto. Mesmo quando, como agora, ao longe falta visibilidade, os contornos da outra margem impõem-se na imaginação de quem conhece o É deste rio. Aos olhos de quem o ama (como quando se ama muito alguém muito querido) não é difícil desenhar-lhe as beiras que alarvemente teimam em inundar a lezíria e o sonho. Recordo-o sempre numa admiração de primeira vez, que já não sei quando foi. Perdida no sótão da minha meninice surge a memór

Lisboa abandonada

Hoje tenho de agradecer a todos vocês, leitores do meu blog, as palavras simpáticas que me têm escrito! Gente! Se vocês continuam a enviar-me feed-back tão agradável, eu vou convencer-me que o meu blog é bom... :))) Feito o aparte, passemos ao assunto de hoje: o abandono! Lisboa é bela, já o disse, mas é também uma mulher abandonada, perdida na vida, sem saber o caminho - a menos que nós lhe demos uma ajuda. Há pouco tempo, descobri um site na net portuguesa que fala, exactamente, dessa Lisboa Abandonada , e, claro, entrei para a comunidade. Trata-se de um grupo de cidadãos preocupados com os prédios que estão devolutos, a cair, arruinados e ao abandono. Queremos fazer pressão - junto dos proprietários, da câmara municipal, de quem de direito... - para que sejam recuperados, reconstruídos, reutilizados... Para que possam, de novo, voltar a ser locais de vida e de felicidade. Esta sexta-feira, vou conhecer o grupo. É a primeira reunião em que vou participar. Depois, eu conto-vos como co

Cidade coquette

Lisboa hoje surpreendeu-me de novo em algo que já não devia ser novidade: a sua beleza. Mas a verdade é que há dias em que ela parece mais bela, como se se tivesse enfeitado de propósito para ser fazer coquette ... Hoje, em São Francisco Xavier, apareceu-me vestida de verde e maquilhada de azul. Ela veste-se assim, muitas vezes, mas naquele momento em que o tempo pairou sobre a realidade, os meus olhos viam-na particularmente bonita. A água que lhe aspergia os cabelos deixava no ar gotículas de sonho e de saudade. Ao fundo, o azul dos seus olhos cor de Tejo confundia-se com um outro azul, o do céu em tons de Verão. Pelo meio, uma linha de curvas ténues acentuava-lhe a cintura como quem a abraça da outra margem. Deixei que o meu olhar descesse a curva do seu corpo, repousei-o no rio e elevei-o depois... Como quem agradece a benção de amar assim! (c) Dulce Dias - 2001-07-18

O pai do Esquissos

Porque todos os seres têm pai e mãe, não posso aqui esquecer o papel desempenhado pelo Paulo Bicarato no nascimento deste blog! Já que eu tive a honra de aprender com ele - e com o seu Alfarrábio - o que é um blog, acho que a "paternidade" do meu site é dele por mérito... e por Amizade. Obrigada a todos os que me têm ensinado o que é a internet. :-)*

Lisboa menina e moça e o Homem das castanhas

E porque outros antes de mim se apaixonaram por esta Lisboa cidade, aqui fica a minha homenagem a quem o fez! Lisboa menina e moça Ary dos Santos - Paulo de Carvalho No castelo Ponho um cotovelo Em Alfama Descanso o olhar E assim desfaz-se o novelo De azul e mar À ribeira encosto a cabeça almofada Na cama do tejo Com lençóis bordados à pressa Na cambraia de um beijo Lisboa menina e moça, menina Da luz que meus olhos vêem tão pura Teus seios são as colinas, varina Pregão que me traz à porta, ternura Cidade a ponto luz bordada Toalha a beira mar estendida Lisboa menina e moça, amada Cidade mulher da minha vida No terreiro eu passo por ti Mas da graça eu vejo te nua Quando um pombo te olha, sorri És mulher da rua E no bairro mais alto do sonho Ponho o fado que soube inventar Aguardente de vida e medronho Que me faz cantar Lisboa menina e moça, menina Da luz que meus olhos vêem tão pura Teus seios são as colinas, varina Pregão que me traz à porta, ternura Lisboa do meu amor deitada Cidade

Esta luz que desflora recantos

Para quem não sabe, Lisboa é a minha grande Paixão. É o meu amor, a minha mulher, o meu amante, a minha vida. Por ela, transmuto-me em carvão e em diamante e de novo em carvão, num ciclo sem fim que me leva, quase sempre, à beira Tejo, onde vou repousar o olhar no rio da minha cidade. Por isso, não será de estranhar que aqui se vão "pu blog ando" algumas das cartas de Amor que, ao longo dos tempos, lhe escrevi. Esta que se segue é uma delas. Esta luz que desflora recantos Realmente, só Lisboa tem esta luz que desflora recantos escondidos num final de tarde e de semana. Numa cidade temporariamente liberta de bípedes apressados, o cair do crepúsculo ilumina becos, vielas e velhinhas de negro vestidas e cobertas com o xaile da tristeza, da solidão e da viuvez. E cada pedaço de rua, cada bocado de casa velha, quase podre, habitada pelo silêncio, pelas ervas e por um ou outro roedor que aí se abrigue, nasce, só para mim, nesta Lisboa que aprendo, dia a dia, a amar. E como todos os

Olá! Este é o meu primeiro blog!

Aqui tentarei deitar ao vento os pensamentos que me vão à mente. Sem pretensões estilísticas, não passa do que o próprio nome indica: esquissos. Esquissos de textos, esquissos de poemas, esquissos até do próprio pensamento... Boa leitura!