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Jardins permitidos

Com o Tejo a beijar-me os olhos descobri, a teu lado, jardins permitidos, contigo percorridos, por ti, calcorreados. Com o Tejo a beijar-me os olhos construí pontes, uni margens, criei imagens. Com o Tejo a beijar-me os olhos plantei castelos e procurei tesouros em nuvens de sonhos. Com o Tejo a beijar-me os olhos beijaste-me a Alma e levaste-me, de novo, a Acreditar. (Ao que o futuro nos reserve...) (c) Dulce Dias - 1999-07-08

Celebramo-nos na noite

Celebramo-nos na noite no momento em que o dia é mais fértil, na hora em que os amantes se acordam para voltarem, depois, a se adormecerem. Celebramo-nos na noite feita madrugada, aurora para acordarmos mais tarde com um sorriso de sol e de dia. Celebramo-nos na noite e fazemos do piar das corujas a melodia da repetição do rito do nosso amor. Celebramo-nos na noite na noite dos sonhos na noite das trevas na noite da fantasia ou na noite de luar. Celebramo-nos na noite em carícias, em beijos, em ternuras murmuradas no silêncio e em gemidos de pecados venais. Celebramo-nos na noite para que em cada manhã que dia a dia se despenteia possamos celebrar o mel da vida. (c) Dulce Dias - 1999-04-17

A vertigem voraz da vida

Avisaste-me de antemão que não sofresse.  Desculpa-me se não soube seguir o teu conselho.  Eu vivo a vida assim: intensamente.  Expludo-me em miríades de luz e, depois, dilacero-me em pedaços de trevas lançados de mim.  É a única forma que conheço de viver.  Não sei evitar o sofrimento nem a dor.  São sempre o colmatar do meu prazer.  Mas, Deus!, não me impeçam de sentir o sabor, todo o sabor da Vida.  Porque a Vida é um vendaval vadio.  E eu vou no Tornado, no Furacão.  Não me ponham travões nem me peçam para reduzir a velocidade.  Não me impeçam de sentir a vertigem voraz de viver a Vida intensamente.  (c) Dulce Dias - 1999-05-10

Espasmos

De novo no bau das memórias... Espasmos Sinto ainda no meu âmago espasmos teus e espasmos meus. Os meus lábios beijam o vazio em busca do beijo teu e as minhas mãos acariciam o ar como se das tuas doces mãos se tratasse. (c) Dulce Dias – 1999-05-06

A vertigem voraz da vida

Avisaste-me de antemão que não sofresse. Desculpa-me se não soube seguir o teu conselho. Eu vivo a vida assim: intensamente. Expludo-me em miríades de luz e, depois, dilacero-me em pedaços de trevas lançados de mim. É a única forma que conheço de viver. Não sei evitar o sofrimento nem a dor. São sempre o colmatar do meu prazer. Mas, Deus!, não me impeçam de sentir o sabor, todo o sabor da Vida. Porque a Vida é um vendaval vadio. E eu vou no Tornado, no Furacão. Não me ponham travões nem me peçam para reduzir a velocidade. Não me impeçam de sentir a vertigem voraz de viver a Vida intensamente. (c) Dulce Dias - 1999-05-10

A vida não é mais que uma barcaça

Apetece-me fugir não sei do quê Apetece-me gritar, ir mais além É uma dor que queima porém A veleidade de perguntar "porquê?" Porquê eu? Porquê a dor e não a morte? Que mal fiz eu, Senhor, ao Karma meu? Queria apenas deitar-me com Morfeu, Dormir, dormir, esquecer esta má sorte. Esquecer sonhos perdidos, o passado Apagar memórias sem um só lamento Construir tudo novo no momento! Mas o desejo foi silenciado: A vida não é mais que uma barcaça Com que Lethes nos persegue e nos caça. (c) Dulce Dias – 1998-07-10

Geografia a quatro mãos

Minhas mãos conhecem teu corpo de cor E o meu corpo abandona-se, lânguido, a essas tuas mãos A cada curva, minhas mãos deslizam seguindo a geografia do teu corpo Qual rio serpenteante entre colinas, deslizo na praia da tua pele O rio que, sedento, ansioso corre para se regozijar no mar Mas a barragem da ternura refreia-lhe a anseia da foz Barragem que, no entanto, não impede o rio de encontrar sua terceira margem... Margem feita leito, suave como porcelana e quente como lava impetuosa e húmida Lava ardente a que me rendo, e que me imortaliza qual Pompéia num instante de paixão E descansa, a lava, tranquila como as cinzas de Roma incendiada Tranquila, pois a lava sabe que me lava a alma... E a minha alma sente-se beijada no mais profundo do meu É Enquanto o vulcão adormece novamente no colo do monte de Vênus, após a explosão do êxtase O rio recolhe-se aos poucos no conforto das margens carinhosas depois de ter fertilizado o seu delta e, sábio, acaricia a mata pensando em como é ser igua

O que em mim ficou desarrumado

Olá!! Dois blogs é "trabalho" a dobrar, mas é também prazer a dobrar. Para já, faço convosco, leitores, um pacto: Vou tentar manter independentes os temas tratados num lado e noutro. Evitarei repetir o mesmo assunto, o mesmo tema. Trata-se de dois espaços com espíritos diferentes, que devem ser respeitados. Assim, aqui continuarão os esquissos de prosas e de poesias, a Lisboa e os outros amores. Lá, ficam os debates da Liberdade. Feita a ressalva, aqui deixo o rascunho de hoje. Um leitor-amigo perguntou-me se não escrevo poesia... e acabámos a trocar poemas. Escrevo pouca poesia, é certo. Mas, para testar reacções, hoje tirei este esquisso de soneto do baú e pu blog uei-o! Espero que também gostem! O que em mim ficou desarrumado Arrumei, outrora, um pecado meu como costumo arrumar tudo mais. Pensei, naquela altura, que jamais abriria esse armário cor de breu. Enganei-me. A vida prega, afinal, estas partidas: remexe gavetas, abre memórias, cava valetas. Apunhála-nos de forma b